Reflexões acerca do acesso a água
por populações em situação de vulnerabilidade social em época de pandemia
O dia 22 de março foi escolhido pela Organização das Nações Unidas para a conscientização mundial sobre os usos e preservação da água. É comum nessa data e próximo a ela, a organização de eventos e conferências sobre o tema. Nas escolas não é diferente. Professores de diferentes áreas organizam atividades e trabalhos que conduzam os educandos à reflexão sobre o uso doméstico da água e formas de reduzir o seu consumo.
Nesse ano o “Dia da Água” foi atípico. Vivemos tempos de distanciamento social em defesa da vida, da nossa e principalmente dos outros. Eventos foram desmarcados e nas escolas não ocorreram atividades presenciais. Pouco se falou sobre o dia da água, mas muito se falou sobre a importância de lavar as mãos para controlar o avanço da pandemia.
Isso nos faz refletir sobre a distribuição desigual da água no mundo. Vamos aos dados para elucidar essa afirmação.
O mapa produzido pela Universal Water Institute retrata de maneira muito clara a desigualdade de acesso a esse recurso no mundo. Como vemos há muitos países que não contam com a quantidade per capita mínima necessária para o uso diário, situação triste e inaceitável, geradora de inúmeros problemas e que pode agravar a expansão da pandemia do coronavírus já que dificulta/impossibilita a manutenção de hábitos de higiene tão simples como lavar as mãos.
Voltando o olhar para o nosso país, nos últimos dias nos deparamos com notícias que nos deixam estarrecidos sobre a falta de água ou acesso precário a ela em comunidades de diferentes estados brasileiros. Essa situação ainda é comum em áreas periurbanas, inclusive dos centros urbanos mais desenvolvidos da nação, e representa um sério risco de aumento da incidência de doenças infecciosas e propagação de vírus.
O acesso a água potável é condição sine qua non para o desenvolvimento socioeconômico de qualquer sociedade, pois é imprescindível tanto para garantia de uma vida digna, preconizada na Declaração dos Direitos Humanos e na Constituição Cidadã de 1988, quanto para o desenvolvimento de atividades econômicas. A Agenda 21 também coloca o acesso a água potável e segura como condição necessária à manutenção de um ambiente saudável.
Fala-se em hábitos higiênicos para o controle de pandemias como se todos tivessem as condições de adotá-los. E parece-nos inusitado que não seja assim, afinal estamos em pleno século XXI, na vigência do meio técnico-científico- informacional, era de fortes conexões, de avanços tecnológicos, de fluxos intensos de informação.
Portanto, nesse “Dia da Água” o nosso desafio se dá no sentido de buscar estratégias que garantam o acesso a água potável e segura a todos os cidadãos. Ações envolvendo os setores de desenvolvimento urbano, habitação, saneamento e saúde associados à educação ambiental nas escolas e nos bairros são medidas indispensáveis para garantir o acesso à água, saneamento básico, saúde e qualidade de vida.